O ano de 2013 foi marcante para Netinho. O cantor de axé teve um grave problema de saúde, ficou internado durante sete meses no hospital (entre Salvador e São Paulo, após ser transferido) e, como ele mesmo já declarou, viu a morte de perto. Recuperado, Netinho fez sua primeira aparição na TV no "Domingão do Faustão", neste domingo (2), e falou sobre o momento delicado. Ao entrar no palco do programa, o cantor foi aplaudido de pé e se emocionou, sem conseguir conter as lágrimas.
Logo no início da conversa com Fausto Silva, ele afirmou que chegou a pesar 82 Kg antes da doença, mas que seu intuito nunca foi ter um corpo sarado. "Eu nunca fui para hospital, nunca tive dor de cabeça, nunca fui internado. Eu chegava a fazer uns 29 shows por mês, não me alimentava direito, não dormia direito. Nunca malhei para ficar forte, era mais para ter resistência, fôlego e força, porque eu não era fisioculturista", declarou o baiano. "Em abril do ano passado eu estava no ensaio com a banda, sentado, e quando eu levantei senti uma forte dor na coxa direita, parecia que eu tinha levado uma facada na virilha. Fui para o hospital e fiz uma bateria de exames, que apresentou uma mancha no fígado. Após a biópsia eu tive uma hemorragia, mas não foi por erro médico como disseram, era porque o órgão já estava debilitado e deu uma complicação".
Logo depois, Netinho admitiu que usou anabolizantes, mas por recomendação médica. "Eu sou um ser humano como outro qualquer, sujeito a tentações como outro qualquer. Quando somos adultos, temos que arcar com as consequências das nossas decisões e eu estou assumindo. No final de 2008 eu quis fazer reposição hormonal. Fui a um médico em São Paulo, que era considerado o melhor endocrinologista da época, e na recepção eu vi muita gente sarada, artistas e senti que estava no lugar certo. Ele me passou uma bateria de exames, eu fiz e mandei para ele pela internet", explicou o artista, acrescentando que foi chamado a voltar ao consultório para buscar a receita.
"Ele me deu a receita de reposição hormonal e uma outra com anabolizantes. Eu sabia o que era, mas estava ali com um médico, era o melhor da época de São Paulo. Tomei em 2009 e 2010. Em 2011 eu parei, porque já estava tomando muito comprimido de reposição hormonal", esclareceu ele.
Em seguida, o cantor disse que o seu médico, Dr. Roberto Kalil Filho, que o acompanhou durante o período de internação no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, apontou que o problema inicial poderia ser consequência do uso de anabolizantes. "Ele foi um anjo na minha vida. Disse que não tinha certeza do que estava acontecendo comigo: ou poderia ser resquícios de genética ou isso. Quero dizer a todo jovem que faz academia, que gosta de ficar sarado, que não tome esse tipo de coisa. Isso mata! O efeito não vem na hora, vem anos depois".
O médico admitiu que ficou bastante preocupado com a situação do paciente na época em que estava no CTI. "O quadro dele foi praticamente de falência múltipla dos órgãos, de insuficiência respiratória, insuficiência renal. Confesso que durante a internação houve períodos, não que desanimássemos, mas que a situação ficou muito mais crítica", disse o Dr. Kalil.
No hospital, Netinho evitava se olhar no espelho para não se assustar com a aparência debilitada: "Cheguei a pesar 50 Kg quilos, eu estava seco. Taparam todos os espelhos, fiquei dois meses sem beber água, era tudo pela sonda. No dia que eu fui fazer exercicios físicos no hospital, eu estava de cadeira de rodas, passei pelo espelho e tomei um susto. Foram 4 meses no hospital".
Muito emocionado ao longo da conversa, Netinho foi aplaudido pelo público várias vezes e recebeu mensagens das amigas Ivete Sangalo e Claudia Leitte, que na época o visitaram no hospital, da mãe, da irmã e da filha. Sem segurar as lágrimas, ele esclareceu: "Eu não estou chorando aqui por tristeza, não tem tristeza em minha vida. É muita emoção, porque eu sou uma pessoa muito emotiva", avisou Netinho, sob aplausos.
No palco do programa, Netinho cantou seus sucessos como "Preciso de Você", "Menina", "Beijo na Boca", "Mila" e "Decolaê".