Nathalia Timberg está ansiosa para a estreia da próxima novela das nove, "Babilônia", em que formará par com Fernanda Montenegro. Elas já começaram a gravar suas cenas e, na trama, serão avós do personagem de Chay Suede. Na vida real, a atriz, de 85 anos, no entanto, preferiu não ter filhos.
"Não quis. Havia uma série de razões... Adoro criança, mas um filho demanda tempo. Pensar que vai ter um para cuidar de você é bobagem. Outras pessoas querem uma criança como um brinquedo. Não é isso. Graças a Deus não sou mãe, porque estaria preocupada em criar alguém neste mundo que está aí", disse Nathalia, que foi casada com o escritor Sylvan Paezzo, em entrevista à revista "Quem" desta semana.
Ainda no bate-papo, a atriz disse não acreditar em Deus. "Minha ficção está no teatro. O ser humano ainda não saiu do sistema de Ptolomeu. Mas, para mim, Galileu já existiu, a Terra é redonda! Então, nós vamos querer buscar ídolos?", polemizou Nathalia. "Em toda a minha vida o que me afastou de qualquer prática religiosa foi o sentido de barganha".
'Fernanda é uma parceira de vida inteira'
Nathalia Timberg já declarou que a ansiedade pela estreia da novela "Babilônia" é semelhante à "espera de um grande amor". Tanta espera por esse trabalho tem uma explicação: a vontade de dividir a cena com a amiga Fernanda Montenegro.
"Toda a nossa carreira tem praticamente as mesmas raízes. Nosso percurso foi muito próximo e, quando não era fisicamente, nós nos acompanhamos de longe. Fernanda é uma parceira de vida inteira", elogiou.
Para Nathalia, uma possível polêmica em torno do casal gay octagenário - que deve se beijar em cena - deve ser minimizada. "Quando deixarmos de tratar isso como exceção, vamos fazer uma integração social. Não pode ser caricatura. Quando querem fazer humor, colocam logo uma bicha! É justo?".
'Tenho a impressão de que assinei a Lei Áurea'
A atriz está afastada da TV desde o fim da novela "Amor à Vida". Na trama, ela interpretou a matriarca Bernarda, que acabou sendo pedida em casamento por Lutero (Ary Fontoura), mesmo ambos com idades avançadas.
"Recebi um retorno bonito por esse trabalho. Os personagens tinham uma postura de cabeça aberta. Quando cruzo com idosos na rua, tenho a impressão de que assinei a Lei Áurea. Eles se sentem no direito de estar vivos porque todo mundo acha, principalmente os filhos, que a mãe tem que ficar guardada, não tem direito a refazer a vida. A mulher de 80 anos hoje representa a de 60 do passado. Eu mesma dirijo meu carro para cima e para baixo".