"Que 'Xou da Xuxa' é esse? Que 'Xou da Xuxa' é esse?'', perguntou uma garotinha de 10 anos em 1988 ao não conseguir entrar no programa especial de 2º aniversário comandado por Xuxa Meneghel na Globo. Passados 36 anos e depois de conseguir entrar no Teatro Fênix, a hoje professora Patrícia Veloso Martins ganhou fama instantânea com seu desabafo infantil em depoimento à Globo e resgatado no documentário sobre "Pra Sempre Paquitas".
E a "mini-Patrícia" estava realmente certa ao mostrar sua revolta. Exibido excepcionalmente ao vivo, o especial do "Xou da Xuxa" (1986-1992) causou um tumulto no Jardim Botânico, levou 3.000 pessoas para tentar uma vaga no auditório, irritou os vizinhos, deixou sem cabeça e braços bonecas lançadas por Xuxa, e, ufa!, afetou até o sistema de telefonia nas proximidades da Globo.
O Purepeople volta ao tempo e te conta em detalhes como foi aquela manhã caótica de 30 de junho de 1988.
O "Xou da Xuxa", assim como o "Domingão do Faustão" (em seus primeiros anos) era gravado no Teatro Fênix, que hoje deu lugar a um prédio, na Avenida Lineu de Paula Machado. No final da noite do dia 29, o departamento de trânsito já havia interditado tanto a pista diante do estúdio como uma outra rua. Em duas ocasiões, uma terceira pista também foi bloqueada sob risco de atropelamento de crianças que tentavam ver Xuxa.
O "Jornal do Brasil" relata que o trânsito ficou "um caos" com motoristas buzinando sem parar tamanha irritação. À 1h da manhã, a fila reunindo crianças de colo chegava à outra rua (uma distância de cinco minutos). "Quem chegou depois das 5h não conseguiu mais entrar no teatro", disse o "JB", informando ainda que a Globo escalou mais de 300 seguranças e profissionais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
Xuxa chegou a deixar o estúdio duas vezes para interagir com os fãs que ficaram nas ruas e jogar para elas suas bonecas. E aí o caos foi maior. A mãe de uma adolescente de 17 anos teve os brincos arrancados na confusão, tendo as orelhas rasgadas.
Ela conseguiu pegar duas bonecas que não ficaram inteiras: uma perdeu a cabeça, e a outra, uma das mãos. Houve relatos de crianças que entraram no teatro, mas para serem atendidas ao passarem mal (de acordo com "O Globo", por vômitos, dor de cabeça e de barriga).
Já os vizinhos se queixaram de barulho pela madrugada (para colocação de tapumes na porta do teatro) ou por não conseguirem sair de carro de seus prédios pela manhã. "Todo dia de gravação esta rua vira uma bagunça, mas hoje está insuportável. A gente nem pode deixar o portão aberto, porque as pessoas entram para ir ao banheiro e tomar água", afirmou uma moradora do edifício 1.006 e vizinha da Globo, situada no número 1.000.
Por fim, o sistema de telefonia deu pane, porque famosos e personalidades ligavam para a emissora querendo falar com Xuxa, que depois promoveria outro caos em visita ao SBT.
