Maurício Souza foi dispensado do Minas Tênis Clube, nesta quarta-feira (27), após a repercussão de postagens homofóbicas feitas pelo atleta nas redes sociais. A decisão dividiu opiniões na web.
Pelas redes sociais, o clube informou que Maurício não fazia mais parte da equipe. "O Minas Tênis Clube informa que o atleta Maurício Souza não é mais jogador do Clube", escreveu o perfil no Twitter.
Já no Instagram, Maurício também comentou o caso e não mostrou arrependimento pelos posicionamentos. "Não sou mais jogador do Minas! Agradeço aos meus companheiros, comissão técnica, meu fisio ao meu diretor, presidência e sócios por tudo! Sigo meu caminho plantando o que acredito, meu legado continua! O que deixarei para meus filhos e netos é o que conta no final", publicou.
Tudo começou no dia 12 de outubro, quando Maurício comentou, de maneira homofóbica, a decisão da DC de fazer uma versão bissexual do Super-Homem. "'Ah, é só um desenho, não é nada demais'. Vai nessa que vai ver onde vamos parar...", escreveu.
A publicação fez Douglas Souza, companheiro de Seleção de Maurício e destaque nas olimpíadas de Tóquio, criticar a fala do atleta. Sem citar nomes, ele escreveu: "Engraçado que eu não 'virei heterossexual' vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade para sua heterossexualidade frágil (risos).Vai ter beijo, sim. Obrigado, DC, por pensar em representar todos nós e não só uma parte", publicou Douglas.
Com a repercussão, os dois principais patrocinadores do time (Fiat e Gerdau) soltaram notas cobrando uma medida contra o jogador.
"Em relação às recentes declarações do jogador Maurício Souza, da equipe de vôlei Fiat/Minas/Gerdau, a Fiat declara repúdio a toda e qualquer expressão de cunho homofóbico, considerando inaceitáveis as manifestações movidas por preconceito, ímpeto desrespeitoso ou excludente (...). A Fiat repudia qualquer tipo de declaração que promova ódio, exclusão ou diminuição da pessoa humana e espera que a instituição tome as medidas cabíveis e necessárias no espaço mais curto de tempo possível", diz a nota da Fiat.
"A Gerdau repudia qualquer tipo de manifestação de cunho preceituoso ou homofóbico. Sobre as declarações recentes do atleta Maurício Souza, jogador do Fiat/Gerdau/Minas, a empresa já pediu a posição oficial do clube sobre as tratativas necessárias ao caso para adotar as medidas cabíveis, o mais breve possível", escreveu a Gerdau.
Antes de ser anunciado seu desligamento do clube, Maurício Souza foi às redes sociais se pronunciar sobre a polêmica. Em um vídeo no Instagram, o atleta pediu desculpas, mas manteve o posicionamento.
"Vim aqui pedir desculpas aos que se sentiram ofendidos pela minha opinião, por defender aquilo que acredito. Tenho direito de defender o que acredito. Respeito todos. Fico triste com o que tá acontecendo. Infelizmente a gente não pode dar opinião, colocar os valores acima de tudo. Mas os valores de vocês a gente tem que respeitar a qualquer custo, senão a gente é taxado como preconceituosos. Eu não concordo com isso", disse.
Com toda a repercussão, alguns atletas e famosos também foram às redes sociais se pronunciar sobre o caso. Carol Gattaz, da Seleção feminina de vôlei, gravou um vídeo, também no Instagram, explicando os motivos pelos quais a "opinião" de Maurício é problemática.
"Homofobia é crime, racismo é crime, xenofobia é crime. A gente não pode mais naturalizar comportamentos como esse. Acho que é importante que a gente se posicione de uma forma combativa. Enquanto as pessoas mascaram o preconceito como forma de opinião, outras pessoas são mortas nas ruas. Liberdade de expressão é uma coisa. Se sua opinião oprime, mata, limita o outro de existir, você não é livre para expressá-la", disse Carol.
O comentarista Casagrande também se pronunciou sobre o assunto, criticando as declarações do jogador de vôlei. "Esse cara é homofóbico assumido e clássico. Se você entra em uma sala, tem seis nazistas sentados, você entra e senta, são sete nazistas. Se você defende um homofóbico, você é homofóbico. Para finalizar, parabéns para todos os atletas que se posicionaram, a Fabi, o Douglas, que se posicionou e que é um porta voz, jogador de seleção brasileira de vôlei. Então, Maurício Souza é homofóbico, preconceituoso, possivelmente racista, covarde e mau-caráter", disse.
O técnico da seleção brasileira de vôlei, Renan Dal Zotto também se posicionou contra as falas de Maurício. Em entrevista ao "O Globo", ele explicou que o atleta não faria mais parte da equipe.
"Fiquei decepcionado. É inadmissível este tipo de conduta do Maurício e eu sou radicalmente contra qualquer tipo de preconceito, homofobia, racismo. Em se tratando de seleção brasileira, não tem espaço para profissionais homofóbicos. Acima de tudo preciso ter um time e não posso ter este tipo de polêmica no grupo. Não me refiro apenas ao elenco dos atletas. É geral, para todos os profissionais", disse.
Mas houve também que foi a favor do jogador. Jair Bolsonaro (sem partido) soube do afastamento do atleta enquanto aguardava uma entrevista. Em tom irônico, o presidente respondeu: "Impressionante, né? Tudo é homofobia, tudo é feminismo", disse. As informações são do "Lance".
Thiago Gagliasso, irmão de Bruno, comentou no vídeo de retratação do atleta. "Pede desculpas pra lazarento nenhum. Você não errou".
Já o jogador de futebol Felipe Melo escreveu uma mensagem de apoio na foto de despedida do clube de Maurício. "Você é um homem de valor, conte sempre comigo, Deus abençoe você e os seus!!!"