A atriz Clara Moneke é a capa da edição de agosto da revista Glamour Brasil. Um dos principais destaques de "Vai na Fé", que chega ao fim nesta sexta-feira (11), a intérprete de Kate protagonizou um ensaio fashionista e conversou com a publicação sobre a carreira, o sucesso de sua personagem e questões raciais.
Apesar do protagonismo negro em "Vai na Fé", Clara destaca que a televisão ainda é defasada quando o assunto é diversidade racial. "Enxergo como um atraso. Estamos em 2023, deveríamos ter tido isso há muito tempo porque temos profissionais capacitados. Existem possibilidades de fazer acontecer, mas sem oportunidade. Essa diversidade é que dá a mistura, 'dá a liga', é difícil fazer uma receita com um só ingrediente", destacou.
Clara frisa o desejo de que esta novela das 19h seja um pontapé inicial, mas não um exemplo raro de protagonismo negro na teledramaturgia. "'Vai na Fé' serviu como um marco na dramaturgia, na teledramaturgia brasileira, mas não quero que a gente fique por aqui, que sejamos um exemplo por muito tempo. Não pode ser uma novidade", destacou.
Ainda em entrevista à revista Glamour Brasil, Clara destacou que o maior triunfo do sucesso estrondoso de Kate em "Vai na Fé" é a representatividade para outras meninas pretas.
"O que mais me alegra é poder dar ao mundo o que eu não tive. A melhor coisa é poder servir de referência para outras meninas, para essa juventude. Com o passar da novela, fui vendo as menininhas trançando o cabelo como o dela, se maquiando... Pude fazer esse serviço para a sociedade que vai muito além do entretenimento. Quando você atinge a vida das pessoas dessa forma, acontece uma mudança. Fala-se muito sobre quando uma mulher preta se movimenta, toda a sociedade se movimenta, e ver que isso está acontecendo é uma das coisas mais legais que a Kate me proporcionou", afirmou.
Clara ainda revelou o que ela e a personagem têm de mais diferente. "A Kate é sádica, ela gosta de bagunça, confusão, o circo pegando fogo, e eu sou zero essa pessoa. A não ser que seja uma situação de racismo, vou para casa sem razão só pela minha paz. Não sei ver as pessoas sofrerem, não gosto de briga, por mais que tenham me feito mal. Se eu vejo briga na rua, eu começo a chorar, passo mal mesmo", relatou.