Juliana Caldas, atriz com nanismo, está na expectativa por sua estreia em "O Outro Lado do Paraíso", próxima novela das nove. A artista de 30 anos será Estela na obra de Walcyr Carrasco e, pela primeira vez, vai interpretar uma personagem que vive um drama: ela enfrenta conflitos com a própria mãe, Sophia (Marieta Severo), devido à sua condição física. Em entrevista ao Purepeople, ela comemora a oportunidade de abordar o nanismo em horário nobre. "Sinto o peso da responsabilidade. Estou representando muita gente. Vamos dar visão à causa. Vou ter uma gratidão eterna por este trabalho. Assim a gente vai impor respeito e levantar a bandeira", diz. Na história, Estela é renegada pela mãe, que faz questão de esconde-lá e a mantém estudando no exterior por anos. Ela só consegue voltar para Tocantins, onde a família mora, com a ajuda da irmã, Lívia, uma vilã ousada interpretada por Grazi Massafera.
A mudança de estilo nas interpretações para a obra protagonizada por Bianca Bin, que dá vida à mocinha Clara, tem mexido com Juliana Caldas. A artista conta afirma estar apreensiva para ver a personagem no ar e que, assim como a companheira de cena Grazi Massafera, mudou o visual para a trama. "Coração a mil por hora. Vivo uma mistura de sentimentos: nervoso, ansiedade e medo. Eu trabalhei como atriz durante 10 anos em teatro infantil. Então, esse é o meu primeiro papel com um personagem dramático-realista. Estou bem ansiosa", afirma. "Cortei o cabelo especialmente para a personagem. É um corte supermoderno porque ela é uma mulher bem moderna."
Juliana Caldas declara seu objetivo de, através de seu trabalho na história que também abordará o racismo nas relações familiares, consiga, além de trazer o nanismo para o dia o dia das pessoas, desconstruir a ideia de que os atores com a deficiência de crescimento devem viver somente personagens humorísticos. "Espero que a minha atuação faça com que as pessoas me vejam primeiro como atriz e não como um anã, mas que seja porque eu posso fazer aquele papel também. Eu mesma, como anã, nunca fiz papéis que me humilharam e espero que essa personagem possa quebrar o estereótipo de anões apenas em produções cômicas", declara.
(Com apuração de Helena Marques e texto de Carol Borges)