A polêmica envolvendo o juiz Flávio Roberto de Souza, que determinou a apreensão dos carros de luxo de Eike Batista e depois foi flagrado ao volante com um deles, segue rendendo. Nesta quarta-feira (25), Thor Batista, filho do empresário que já foi o sétimo homem mais rico do mundo e viu sua colocação despencar em 2013, ironizou uma declaração que magistrado deu ao jornal "Folha de S. Paulo".
Em entrevista ao periódico, Flávio Roberto de Souza, titular da 3ª Vara Criminal Federal, disse que um juiz dirigir o automóvel de um réu "é absolutamente normal" porque ele teria comunicado "em ofício ao Detran que o carro estava à disposição do juízo". Segundo ele, "vários juízes fazem isso". "Ah, claro...", comentou Thor Batista, com tom de ironia no Instagram, após ler a matéria da "Folha".
Após polêmica, conduta do juiz está sendo investigada
Além de ter sido flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike Batista, Flávio Roberto de Souza também guardou na garagem de seu prédio a Hilux do empresário e uma Range Rover, de Thor Batista. Os veículos deveriam estar no pátio da Justiça Federal, aguardando os leilões deles, que aconteceriam na quinta-feira (26). Por causa da polêmica, o Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro suspendeu os leilões e ainda abriu uma sindicância para investigar a conduta do juiz.
Procurado pela revista "Veja", o magistrado se defendeu da polêmica. Ele disse que os carros de luxo de Eike não ficaram no pátio da Justiça Federal porque simplesmente não havia vaga. O magistrado teria pego, então, os veículos mais caros e os estacionado nas vagas cobertas do prédio onde mora, mas com o consentimento do Detran.
Advogado de Eike diz que juiz não incluiu carro em leilão
O fato dele ter sido flagrado dirigindo o Porsche teria uma explicação. Os carros seguiriam para o pátio da Justiça Federal para ficarem expostos, já que o leilão seria realizado amanhã. No caminho, a Hilux - que estava sendo conduzida por um motorista da Justiça Federal - teve problemas e precisou ser rebocada. Esse mesmo profissional pegaria depois o Porsche, mas o juiz - para poupar o colega do trabalho - se ofereceu a levá-lo pessoalmente para o pátio.
O advogado de Eike Batista, Ari Bergher, no entanto, entrou em contato com a revista "Veja" para informar que o juiz Flávio Roberto de Souza não incluiu o Porsche Cayenne no edital do leilão que aconteceria. Ou seja, o veículo de luxo não seria comercializado. Para a defesa de Eike, com isso, o flagra do magistrado ao volante "se constituiu em improbidade administrativa", nome técnico usado para caracterizar corrupção.
Eike Batista é acusado de manipular o mercado de capitais
Eike Batista é acusado na Justiça de ter usado indevidamente informações privilegiadas para negociar ações e, assim, manipular o mercado de capitais. Com isso, o juiz Flávio Roberto de Souza determinou o bloqueio de R$ 3 bilhões em bens do empresário para supostamente reparar os danos sofridos por investidores e usar no pagamento de multas. A decisão incluiu a família do empresário e até mesmo sua ex-mulher, Luma de Oliveira, porque há a suspeita de que ele teria transferido bens para eles ao saber que o Ministério Público entraria com uma denúncia pedindo bloqueio de suas posses.