O processo que Eike Batista vem respondendo na Justiça teve uma reviravolta nesta terça-feira (24). O juiz Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Criminal Federal, que determinou a apreensão dos carros de luxo do empresário foi flagrado ao volante de um dos automóveis, um Porsche Cayenne, pelas ruas do Rio de Janeiro. E mais: a Hilux de Eike e uma Range Rover, de Thor Batista, também foram localizadas na garagem do prédio do magistrado. Os veículos deveriam estar no pátio da Justiça Federal, aguardando os leilões deles, previstos para a próxima quinta-feira (26).
"Passando de todos os limites. O carro apreendido do meu filho Thor também está na garagem do prédio residencial dele. E eu sem um carro na garagem. Os três que eu tinha e foram apreendidos foram comprados por mim nos anos de 2006, 2008 e 2009. Tenho recibo de compra e venda e nas minhas declarações de Imposto de Renda. Comprovadamente comprados com recurso próprio. Agora, eu e Olin estamos dividindo um carro emprestado pela mãe de um amigo", desabafou Luma de Oliveira, ex-mulher de Eike Batista, no Facebook.
Juiz não incluiu o Porsche Cayenne no leilão
Procurado pela revista "Veja", o juiz se defendeu. Ele disse que os carros de luxo de Eike não ficaram no pátio da Justiça Federal porque não havia vaga. O magistrado teria pego, então, os veículos mais caros e os estacionado nas vagas cobertas do prédio onde mora, mas teria feito um ofício junto ao Detran para comunicar a localização deles. Segundo o juiz, desde então, os carros não saíram da garagem.
O fato dele ter sido flagrado dirigindo o Porsche teria uma explicação. Hoje, os carros seguiriam para o pátio da Justiça Federal para ficarem expostos, já que o leilão será realizado depois de amanhã. No caminho, a Hilux - que estava sendo conduzida por um motorista da Justiça Federal - teve problemas e precisou ser rebocada. Esse mesmo profissional pegaria depois o Porsche, mas o juiz - para poupar o colega do trabalho - se ofereceu a levá-la pessoalmente para o pátio.
O advogado de Eike Batista, Ari Bergher, no entanto, entrou em contato com a revista "Veja" para informar que o juiz Flávio Roberto de Souza não incluiu o Porsche Cayenne no edital do leilão da próxima quinta-feira. Ou seja, o veículo de luxo não seria comercializado. Para a defesa de Eike, com isso, o flagra do magistrado ao volante "se constituiu em improbidade administrativa", nome técnico usado para caracterizar corrupção.
Eike é acusado de manipular o mercado de capitais
Eike Batista é acusado na Justiça de ter usado indevidamente informações privilegiadas para negociar ações e, assim, manipular o mercado de capitais. Com isso, o juiz Flávio Roberto de Souza determinou o bloqueio de R$ 3 bilhões em bens do empresário para supostamente reparar os danos sofridos por investidores e para usar no pagamento de multas. A decisão incluiu a família do empresário porque há a suspeita de que ele teria transferido bens para familiares ao saber que o Ministério Público entraria com uma denúncia contra ele pedindo bloqueio de suas posses.
O valor bloqueado de R$ 3 bilhões, no entanto, é o dobro do que havia pedido o Ministério Público em denúncia, em setembro do ano passado. "Não ficou dinheiro nem para comprar comida. O juiz calculou, não sabemos como, em R$ 3 bilhões o prejuízo causado por Eike a vítimas (da crise de suas empresas). Mas esse valor ainda não foi decidido", pontuou Sérgio Bermudes, advogado de Eike, em entrevista ao jornal "O Globo", no início deste mês. O empresário já foi o sétimo homem mais rico do mundo e viu sua colocação despencar em 2013.