Quando começa a chover grande parte das mulheres (diria a maioria) começa a sofrer por antecipação com um dos maiores vilões do bad hair day: o frizz. Ativado pela umidade, ele pode aparecer e maior quantidade em cabelos menos hidratados ou com química. Mas também acontece em quem tem queda de cabelo, por exemplo, e os fios que estão nascendo são mais curtos e mais finos (quem amamenta passa por isso!) e, no fim das contas, qualquer mulher que não tenha cabelos extremamente lisos (e até as que têm!) podem ter frizz no cabelo. As boinas deste inverno combinam com o estilo.
Acontece que a moda está cada dia mais inclusiva e focada na representatividade (graças a Deus!). Isso significa que ao invés de ficarmos tentando nos enquadrar em padrões estabelecidos de beleza, é a indústria que deve abraçar a infinidade de biotipos, estilos e personalidades existentes na vida real. E isso inclui o frizz. É igual a celulite: se quase todas as mulheres têm pelo menos um pouco, por que a gente deve se matar tentar controlar uma característica e tratá-la como algo a se combater?
As passarelas vêm adotando cada vez mais a beleza natural e valorizando o melhor de cada modelo (ainda que sejam modelos!) ao invés de padronizá-las todas em um mesmo "formato". O frizz apareceu nas passarelas do outono inverno 2019/2020 de formas bastantes sutis. A Chanel, a Lacoste e a Prada, por exemplo, apostaram em penteados corriqueiros e muito usados no cotidiano da mulher comum: o rabo de cavalo e o meio rabo. Só que ao invés de serem impecavelmente bem-feitos, os looks contavam com alguns fios soltinhos e bagunçadinhos. Já a Louis Vuitton que teve os anos 80 como inspiração, apostou pesado no frizz, que sai de cabelos volumosos com penteados bem típicos da década, feitos com topetes e muito volume. O frizz natural dos cabelos crespos apareceu também em passarelas como a da Miu Miu e da Stella McCartney.
Mais do que uma questão de moda, aceitar e "abraçar" o frizz dos cabelos tira de nós o compromisso com a perfeição e um incômodo que nem deveria existir, mas acaba aparecendo por conta de padrões que são externos a nós. Aderindo à característica como "trend" a moda passa a mensagem de que existe beleza em todos os tipos de cabelo: com ou sem frizz.
(por Deborah Couto)