Lúcio Mauro Filho foi consolado por amigos e fãs no velório de seu pai, o humorista Lúcio Mauro, no Theatro Municipal, no centro do Rio. O artista morreu aos 92 anos após passar quase quatro meses internado, na noite deste sábado (11). Vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 2016, o humorista foi velado pela diretora Cininha de Paula, por Evandro Mesquita, e pelo comediante José Santa Cruz, com quem contracenou na TV, e Leandro Hassum. Fabio Porchat foi outro a passar pelo velório e recordou a trajetória de Lúcio Mauro em conversa com a imprensa. "Ele fez do humor a sua vida e a nossa também, como comediante. Hoje todo mundo é gênio, mas ele é mesmo um gênio, mas ele é mesmo um gênio, da mesma época de CHico Anysio e Ronald Golias. Ele estava sofrendo e fico tranquilo por vê-lo descansar", disse.
Sobrinha de Chico Anysio (1931-2012), Cininha lembrou a parceria com o comediante em programas do tio. "Foram nove anos trabalhando com o Lúcio na 'Escolinha' e outros dois anos fazendo o Da Júlia, no quadro do Alberto Roberto, do 'Chico Anysio Show'. Quando estreei essa nova geração da 'Escolinha', fiz questão de colocá-lo para abrir o programa. Ele interpretou um faxineiro que vivia um ex-aluno do professor Raimundo", disse Cininha, emocionada. O filho mais famoso de cinco que o ator teve destacou a longevidade da carreira do pai, velado também pelos netos. "É um legado muito lindo e especial de um homem que viveu uma vida plena. A gente comenta que não foi uma tragédia, um homem de 92 anos ter trabalhado até os 89", frisou Lúcio Mauro Filho, intérprete do personagem do pai na atual versão da "Escolinha".
Natural de Belém do Pará, Lúcio de Barros Barbalho iniciou a carreira no teatro estudantil e chegou a trabalhar na companhia teatral de Mário Salaberry, com quem sofreu um sério acidente de carro enquanto viajavam para o Rio de Janeiro. Foi no seu estado natal que o humorista estreou na TV. Em seguida, se mudou para o Rio e foi contratado pela extinta TV Rio e, em seguida, pela TV Tupi. Nesse período, acumulou diversos cargos: diretor, ator, jurado, humorista e apresentador. A chegada na Globo se deu em 1966. No programa "Balança Mas Não Cai" (1968) interpretou o Fernandinho, marido de Ofélia, a que abria a boca só quando tinha certeza, mas falava os maiores absurdos. O papel primeiro foi vivido por Sonia Mamede (morta em 1990) e, décadas depois, no "Zorra Total" (1999) por Cláudia Rodrigues, atualmente se recuperando de um período de internação. Em parceria com Chico Anysio, fez dois tipos marcantes: DaJúlia, no "Chico City" (1973) e "Chico Anysio Show" (1982) e Aldemar Vigário, ao lado de outros humoristas como Agildo Ribeiro, morto no ano passado, nas diferentes fases da "Escolinha do Professor Raimundo". Entre outros trabalhos destaque para o de Chico Xavier no "Caso Verdade" (1983), papéis no cinema e passagens pelo teatro.
(Por Guilherme Guidorizzi)