O Brasil é um dos países onde mais se realiza cirurgias plásticas no mundo. Entretanto, desde 2020, segundo Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o número de intervenções cresceu ainda mais, com destaque para as realizadas na face, que aumentaram 300%.
Paolo Rubez, cirurgião-plástico membro da International Society of Aesthetic Plastic Surgery, destaca que o crescimento é multifatorial e envolve tanto avanços tecnológicos quanto mudanças de comportamento.
"Um dos motivos é a evolução das técnicas operatórias, que hoje permitem que os pacientes tenham resultados naturais, sem o estigma de cirurgia plástica. Outro ponto é o uso de redes sociais, selfies e vídeos e videoconferências, que fazem com que as pessoas se vejam muito mais e busquem por procedimentos para ficarem melhor", explica.
Paolo Rubez aponta que o uso dos filtros e Photoshop também impulsionam as cirurgias, pois as pessoas criam o desejo de ficar semelhantes à como se apresentam nas redes sociais, de forma definitiva. Da mesma forma, os influenciadores também são catalisadores de cirurgias plásticas. Porém, ele alerta para os perigos de tomar a vida digital como regra de beleza e bem-estar.
"Muitas vezes, o que observamos nas redes sociais não corresponde à realidade, pois as pessoas usam muitos filtros, photoshop e não são exatamente como parecem. Esses comportamentos também fazem com que algumas pessoas nunca estejam satisfeitas com sua aparência, o que as faz buscar cada vez mais procedimentos, sem uma real necessidade", comenta.
Para evitar a chamada dismorfia corporal, ou mesmo que o paciente se submeta a uma intervenção sem necessidade, o olhar do profissional de saúde é fundamental. O especialista afirma ser papel do médico identificar esses comportamentos e orientar os pacientes, para não gerar insatisfações ou a busca por um resultado incansável.
Por alterar o rosto, a cirurgia realizada na face precisa ser analisada e planejada com muita seriedade, tanto por parte do paciente quanto por parte do médico.
"O paciente deve estar muito decidido quanto ao desejo de mudança, pois será algo irreversível, assim como é necessário alinhar as expectativas com o cirurgião. É fundamental que o paciente saiba as limitações do procedimento e que, por exemplo, ele não terá o mesmo resultado que qualquer outra pessoa, pois cada ser humano possui características diferentes", observa Paolo Rubez.
Na escolha do profissional, ele frisa que a pesquisa é o que trará segurança e minimizará complicações e insatisfações.
"É um ponto primordial quando se decide fazer uma cirurgia plástica, principalmente no rosto. Pesquise sobre a formação, especializações, avalie se o profissional estudou em boa universidade e se fez residência médica na área. Analisar resultados prévios de outros pacientes também é primordial", ressalta.
Apesar de uma prática comum, o cirurgião-plástico recomenda que o paciente não considere apenas as redes sociais do profissional: ele pode se iludir com um marketing bem feito. "É preciso que a análise seja presencial. O paciente precisa sentir confiança e empatia pelo profissional e isto é melhor avaliado após passar por uma consulta", garante.