'Escroto esse blackface': cena de Fernanda Torres levanta debate racial e atriz da Globo se manifesta
Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 22:04
Por João Pedro de Almeida | Colaborador
Jornalista apaixonado por cultura pop e televisão. Amo ouvir e contar boas histórias.
Cena antiga da atriz rascendeu um debate calouroso nas redes sociais. Entenda a polêmica!
'Escroto esse blackface': cena de Fernanda Torres levanta debate racial e atriz da Globo se manifesta Ana Hikari rebate comentário sobre vídeo antigo de Fernanda Torres Ana Hikari afirmou que o movimento contra o blackface é antigo no Brasil Ana Hikari também destacou a diferença entre a inexistência de uma discussão e o fato de ela não ser amplamente conhecida pela sociedade Ana Hikari já havia criticado a novela fake 'Pé de Chinesa'
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Após ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, Fernanda Torres voltou a ser um dos nomes mais comentados nas redes sociais. A atriz brasileira foi elogiada por estrelas como Jamie Lee Curtis, mas também enfrentou críticas relacionadas a uma polêmica antiga.

Nesta quinta-feira (16), um perfil em inglês no X (antigo Twitter) reacendeu o debate ao compartilhar um vídeo da atriz em uma cena da série "A Comédia da Vida Privada", exibida na Globo entre 1995 e 1997. Na cena, Fernanda interpretava uma empregada doméstica, com o corpo completamente pintado de preto, caracterizando o chamado "blackface".

O que é o blackface?

Blackface é uma prática que consiste em pessoas brancas se pintarem de preto para interpretar papéis de pessoas negras. A origem dessa prática remonta ao século XIX, nos Estados Unidos, em espetáculos de teatro e shows de minstrel, onde pessoas brancas caricaturavam pessoas negras de forma estereotipada e racista.

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Ao longo dos anos, o blackface passou a ser amplamente condenado por reforçar estigmas e desumanizar a população negra. Embora muitos países tenham avançado na discussão sobre o tema, a prática ainda persiste em diversos contextos e gera debates acalorados quando aparece em obras mais antigas.

Internautas debatem a cena e discutem contexto histórico

Após o vídeo viralizar, algumas pessoas saíram em defesa de Fernanda Torres, argumentando que a discussão sobre blackface não era amplamente conhecida no Brasil na época da série. Um internauta comentou:

"Não que isso não seja algo condenável, mas quem falar que a discussão sobre blackface já existia no Brasil no início dos anos 2000 (época dessa série) está simplesmente mentindo."

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Por outro lado, a atriz Ana Hikari, que recentemente detonou a novela fake "Pé de Chinesa", rebateu o argumento, afirmando que a questão do blackface já era debatida no Brasil há décadas, especialmente no contexto do movimento negro:

"Pessoal, tudo bem querer defender a Fernanda desse tweet porco descontextualizado que só quer causar no processo das premiações (e sim, escroto esse blackface). Mas vamos formular melhor? Negar a trajetória do movimento negro no Brasil é feio. A discussão sobre blackface existe sim no Brasil há muito tempo, pelo menos desde a criação do Teatro Experimental do Negro. Abdias do Nascimento já levantava essa discussão há anos."

Ana Hikari ressalta diferença entre falta de debate amplo e inexistência da discussão

Em seu desabafo, Hikari também destacou a diferença entre a inexistência de uma discussão e o fato de ela não ser amplamente conhecida pela sociedade:

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"É distante afirmar que “não existe” uma discussão e dizer que uma questão não foi amplamente absorvida pela sociedade brasileira. Numa boa mesmo, só constatando pra gente não ignorar anos de luta de um movimento."

O comentário de Ana reforça a importância de reconhecer o trabalho do movimento negro brasileiro, que há décadas levanta discussões sobre representatividade e combate ao racismo em diferentes áreas da sociedade.

O impacto do Teatro Experimental do Negro no Brasil

O Teatro Experimental do Negro (TEN) foi fundado em 1944, no Rio de Janeiro, pelo economista, ativista e ator Abdias do Nascimento, uma das figuras mais relevantes na luta contra o racismo no Brasil. O TEN foi pioneiro ao promover debates sobre representatividade, discriminação racial e os estereótipos presentes nas artes cênicas brasileiras.

Entre seus objetivos, o grupo buscava proporcionar oportunidades para artistas negros, que muitas vezes eram relegados a papéis secundários ou caricaturais, como escravizados ou personagens subalternos. Além disso, o TEN abriu espaço para a reflexão sobre o racismo estrutural, incluindo práticas como o blackface.

 
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