O caso Henry Borel, que tem Monique Medeiros, mãe do menino, e o ex-vereador Jairo Santos Júnior, o Dr. Jairinho, como acusados pela morte da criança aos 4 anos no dia 8 de março deste ano, teve a primeira audiência realizada nesta quarta-feira (06), no Tribunal de Justiça do Rio.
A babá do menino, Thayná Oliveira Ferreira, mudou o depoimento pela segunda vez. No julgamento, além da fala polêmica da cuidadora, Monique Medeiros também chorou ao ouvir o depoimento de Leniel Borel, seu ex-companheiro e pai da vítima.
Ao todo, 12 testemunhas foram chamadas para a audiência. Duas não foram localizadas. Jairo foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunha. Já Monique responde por homicídio triplamente qualificado na forma omissiva imprópria, tortura omissiva, falsidade ideológica e coação de testemunha. Os dois estão presos desde o dia 8 de abril.
No depoimento desta quarta-feira, Thayná disse que não sabia das agressões de Jairo e que tinha sido influenciada por Monique a acreditar na maldade do político. As informações são do portal G1.
"No meu entendimento era a Monique que me fazia acreditar em muita coisa e por isso a minha cabeça estava transtornada e eu começava a imaginar um monstro, mas ali no quarto poderia não estar acontecendo nada e eu estava imaginando um monte de coisa", disse ela, que antes de prestar o depoimento pediu que Monique fosse retirada do local. "Tenho medo", justificou.
"Me senti usada em que sentido? No sentido de que ela vinha, contava, tentava me mostrar o monstro do Jairinho e eu ficava com todas as coisas ruins na minha cabeça. Era tudo suposição da minha cabeça. Eu nunca vi nenhum ato", explicou a babá.
A nova versão vai contra as outras apresentadas por Thayná. No segundo depoimento, em abril, a babá disse que Monique sabia das agressões de Jairo, mas que havia pedido para que ela mentisse à polícia. Na primeira vez que falou com os policiais, Thayná disse que nunca tinha percebido nada de anormal no relacionamento entre Monique, Jairo e Henry.
De acordo com as investigações, Henry morreu por conta de agressões do padrasto e pela omissão da mãe. Segundo o laudo, o menino tinha 23 lesões causadas por uma "ação violenta".
As próximas audiências estão marcadas para os dias 14 e 15 de dezembro.
A audiência de quarta começou de manhã e foi até a madrugada desta quinta-feira (07). Durante o depoimento de Leniel, pai do menino, Monique chorou e precisou ser consolada pelo advogado. Em sua fala, Leniel relembrou os últimos momentos que teve ao lado do filho. Segundo ele, poucos dias antes da morte Henry, cantou uma música católica antes de dormir. Ao cantarolar a canção, Monique começou a chorar.
Leniel também falou que Henry não queria voltar para a casa da mãe, horas antes de morrer. Para convencer o filho, ele disse: "Vai com a mamãe, mamãe é boa". Monique também voltou a chorar neste momento.
Segundo Leniel, Henry havia respondido: "A mamãe não é mamãe boa". "E eu perguntei o que estava acontecendo e ela diz que é uma questão da casa, e pergunta pro Henry se ele quer ajudar a mamãe a achar outra casa. Ele foi, chorando muito. Foi a última vez que vi meu filho", disse Leniel.
No dia 8 de março, Henry chegou morto a um hospital da Zona Oeste do Rio. O garoto apresentava hemorragia e edemas pelo corpo. De acordo com as investigações, Jairo agredia Henry com chutes e pancadas na cabeça. Monique sabia das agressões, pelo menos, desde fevereiro.
A polícia conseguiu recuperar mensagens trocadas pela babá com Monique nas quais Thayná narra em tempo real as torturas que Henry sofria. Na conversa, ela conta que Jairo se trancou com o menino no quarto e aumentou o som da TV.
O inquérito ainda não foi concluído, mas a polícia acredita que Henry foi assassinado e, tanto Jairo, quanto Monique, são suspeitos de homicídio.