Wagner Moura criticou a polícia militar do Rio de Janeiro e o presidente Jair Bolsonaro - este envolvido em polêmica com Xuxa - e apoiou o ex-presidente Lula ao ser entrevistado no programa "Roda Viva" da TV Cultura. O ator e diretor divulgou o filme "Marighella", cujo lançamento nacional acontece nesta quinta-feira (4) quase três anos após estrear em festival de Berlim, na Alemanha.
A crítica à PM do Rio veio à tona quando o jornalista Marcos Augusto Gonçalves recordou o filme "Tropa de Elite", no qual Wagner fez parceria com Caio Junqueira, ator morto em 2019 após acidente de carro, e lembrou que o longa foi apontado como sendo de direita.
"Eu discordo totalmente disso, eu não posso controlar o que as pessoas acham do filme, nós fizemos um filme que é um estudo de como é a polícia no Rio de Janeiro, de como ela é assassina", disparou o diretor. A fala lembrou uma ação na comunidade do Jacarezinho que resultou na morte de 25 pessoas, sendo classificada como "chacina" por Yanna Lavigne.
Em outro momento do programa exibido desde 1986, endureceu suas críticas ao citar a pandemia de Covid-19 e o desmatamento da Amazônia ao rebater um questionamento sobre o perfil de "Marighella", classificado por algumas pessoas de "terrorista". "Isso também é uma provocação. Geralmente, os acusados de terrorismo são os pobres. Isso sempre me incomodou", afirmou.
"Os 600 mil mortos por Covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome no Brasil é terrorismo, Amazônia pegando fogo é terrorismo, o ministro da Economia que tem uma conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo", prosseguiu citando a doença que vitimou entre outros Nicette Bruno e Tarcísio Meira.
Ainda na atração da TV Cultura, o diretor do longa que retrata a vida do político e escritor Carlos Marighella (morto em São Paulo em 1969) disse ter encontrado dificuldades para lançar o filme. "A gente não pode admitir um governo federal trabalhando para que um filme não aconteça. Até hoje tem gente do governo falando mal, mobilizando sua militância digital para dar nota baixa no IMDb. É uma luta bruta", pontuou.
E reforçou seu apoio para um possível terceiro governo Lula na Presidência. "Lula é um líder fundamental da esquerda no Brasil. Mas, nós temos que empurrar Lula para um lugar de progressismo maior. Lula é um senhor de idade, com todo respeito à história dele. Mas nós temos de falar dos congressistas 20, 21 anos, povo trans, pretos, mulheres...", defendeu.