Aguinaldo Silva voltou atrás sobre o beijo gay em sua próxima novela, "Império", substituta de "Em Família". Ao Purepeople, o autor declarou que era "época de voltar aos beijos héteros", mas demonstrou que a ideia do beijo entre dois homens em seu folhetim não é descartada.
Em entrevista à revista "Marie Claire", da Globo, publicada nesta semana, o autor repensou sobre o assunto e se mostrou flexível à proposta para a novela, que entrará no ar após o fim de "Em Família", em meados de julho deste ano.
"Brinquei com o Zé Mayer e disse para ele agarrar o Klebber (Toledo, que fará par romântico com o ator na trama) e beijá-lo na primeira cena e acabar logo com isso. Falando sério, nunca descrevo uma cena – hétero ou gay. Escrevo: começam a se amar. Isso vai da sensibilidade dos atores e do diretor. Mas, se tiver, vou adorar", disse Aguinaldo.
O novelão, com várias vilãs, prometido por Aguinaldo é recheado de intrigas, paixões e um turbilhão de emoções. As polêmicas ficaram a cargo da discussão sobre os direitos dos gays de permanecerem no "armário".
"Império" vai ser um novelão à moda antiga, reciclado para os tempos atuais. Ultimamente os autores têm se preocupado mais com temas das novelas do que com tramas. Vou fazer o contrário. Quero saber das tramas, dentro das quais os temas se inserem. Vou tratar do direito que os gays têm de não sair do armário. O personagem do Zé Mayer é gay, mas casado, tem filhos, a esposa é sua cúmplice. Um colega de colégio, um blogueiro do mal, o reencontra depois de anos e o desmascara", conta o autor.
Vida amorosa 'fracassada'
Autor de "Senhora do Destino" e "Pedra sobre Pedra", grandes sucessos de audiência na Globo, Aguinaldo conta que histórias difíceis também são marcantes em sua vida pessoal.
"Tive momentos difíceis. A minha separação em "Pedra sobre Pedra" (1992), de uma pessoa com quem vivi por 17 anos. Quando me separo, saio de casa com a roupa do corpo. Escrevi a novela em um quartinho mínimo de um apart-hotel, em um escritório horroroso. Mas escrever sempre foi o meu refúgio, então, me joguei no trabalho. As separações foram os momentos mais difíceis da minha vida", diz Aguinaldo.
Para uma amiga, o autor já definiu a sua vida amorosa como um fracasso. "Estava conversando com uma amiga e disse que minha vida amorosa foi um fracasso. Ela respondeu: "Mas a de quem não foi?". Foi um consolo", disse.
Um falso 'genioso'
Com fama de ser indigesto com a imprensa e com os próprios fãs, Aguinaldo revela que o jeito ácido não passa de um personagem. Ele se considera tímido, diz que criou uma personalidade virtual para "apresentar visão do trabalho" e que se arrepende do que diz nas redes sociais: "Constantemente. O Twitter é uma coisa perigosíssima, principalmente depois de uma bela garrafa de vinho. É o ônus de se dizer o que pensa."
À pubilcação, o novelista conta que o resultado do sucesso de "Fina Estampa" não teve saldo só positivo. Por causa do personagem gay Crô (Marcelo Serrado), que lhe garantiu uma história também no cinema, Aguinaldo chegou a sofrer uma ameaça.
"Durante Fina Estampa, estava caminhando à noite na praia e um rapaz musculoso emparelhou comigo e perguntou: "Você não tem vergonha de criar um personagem como o Crô? Você está envergonhando a classe. Os gays não são assim!". Comecei a andar rápido, ele foi me insultando. Achei que fosse apanhar. Quando cheguei a uma rua movimentada, eu disse: "Você acha o Crô escandaloso? Você não tem ideia do que é um viado escandaloso! Se não sumir da minha frente, você vai ver um". Depois disso, parei de sair à noite".