Simaria, dupla sertaneja de Simone que deu conselhou à Anitta, acredita que o amor próprio é uma chave fundamental para combater relacionamentos abusivos. Em entrevista ao Purepeople, a artista - de volta aos palcos após 4 meses longe dos shows - acredita que o ato de se valorizar acima de tudo pode evitar violências futuras e até mesmo o feminicídio. "O cativeiro da alma é a pior prisão que pode existir na vida. Às vezes, você é prisioneiro de uma pessoa só pelo jeito que ela conduz a forma de falar com você, que acaba vivendo um inferno a vida inteira. Isso porque não entendeu que se é livre para fazer qualquer tipo de escolha e o outro não pode decidir o que você quer ou deve ser", declara a baiana.
A artista casada com o espanhol Vicente, com quem curtiu férias nas Maldivas, aconselha as mulheres que passam por violência doméstica a não temerem mudar de vida completamente. "Você tem um bom amigo, um anjo à sua volta, que te diz: 'Opa, acorda. Você está levando porrada do seu marido? Não está certo'. Aí você diz: 'Ah, mas ele vai me matar, ele disse que se eu disser isso, ele vai matar minha família inteira'. Levante, mulher! Tome uma atitude! Você não é só feliz em São Paulo, no Ceará, vá para outra cidade. Não deixe rastro, faça uma vaquinha se não tem condição. Busque outras formas para sair desse cativeiro. Por que você não é obrigada. Você não depende de ninguém, busque ajuda na igreja, nos amigos. Você não precisa disso, você está como prisioneira da alma", declara a artista, vítima de uma tuberculose ganglionar que a tirou de atividade recentemente.
Usando o exemplo de Tatiane Spitzner, advogada de 29 anos assassinada pelo marido no dia 22 de julho, a sertaneja pondera que, em alguns casos, a denúncia por parte da mulher é mais complicada e, por isso, é importante que as pessoas ao redor denunciem os abusos. "É muito difícil dar esse tipo de conselho porque hoje nós temos uma realidade no Brasil muito complicada de educação, de saúde. Tem hora que a situação é difícil. No caso dessa advogada maravilhosa que trabalhava, que tinha a vida dela, faltou acreditar mais nela. É difícil falar nisso porque dá uma revolta na gente. Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim! Se a pessoa voltar, tudo bem. Mas você fez a sua parte.
Simone, que cumpriu a agenda de shows da dupla sozinha durante a ausência de Simaria, afirma que as agressões acontecem de forma gradativa. "Os sintomas vem aparecendo dentro do relacionamento e têm mulheres que não tomam decisão. Uma agressão verbal, uma forma de tomar o celular da mão, tantas outras coisas. Acha que depois da desculpa isso passa. E isso vai ficando sério, mais sério e acontecem coisas como esse último caso", diz, também se referindo à morte de Tatiane Spitzner. "No momento que você começa a detectar esses sinais de violência no seu relacionamento, é hora de tomar uma decisão. E ver que você é mais importante do que o relacionamento que está vivendo, que precisa se amar, se valorizar, dar a volta por cima. Porque não existe só um homem, ou só uma mulher. Acho que quando isso acontecer, vai mudar. Você fazendo isso, não vai adiante, não terá morte, soco, porque você vai cortar o mal pela raiz. As mulheres tem que detectar os sintomas e tomar decisões que são importantes demais", continua a mulher do empresário Kaká Diniz.
Assim como sua irmã, Simone também acredita que a denúncia de pessoas externas ao relacionamento é importante para salvar a vida da mulher agredida. "O pior é que se estamos em casa com o som alto, o vizinho liga para a polícia. Mas quando esse tipo de violência acontece, todo mundo quer ficar calado, ninguém quer ligar para a polícia. Ninguém quer ajudar o próximo que está gritando socorro. Por mais que a mulher decida voltar, ou ele, você fez a sua parte e não precisa se expor", incentiva a cantora sertaneja.
(Apuração de Patrick Monteiro e texto de Carol Borges)
