Biografia
"Chanel is above all a style. Fashion passes, style remains."
Com essa definição (que em português significa "Chanel é acima de tudo um estilo. Moda passa, estilo permanece"), Gabrielle Chanel, a estilista francesa que ficou famosa pelo apelido "Coco" Chanel, resumiu a importância da grife que fundou em 1910.
Visionária, a estilista reinventou a moda ao passar por cima de convenções, criando um estilo de luxo descomplicado com mais liberdade e sem deixar de lado a elegância feminina.
Em 1913, inaugurou uma loja em Deauville e conquistou uma clientela fixa em pouco tempo. Ao lado de Boy Capel, ela acabava de lançar a "roupa esporte": blusas com golas rolê de malha e tricô, com inspiração nos uniformes dos marinheiros.
Durante a Primeira Guerra Mundial, foi a única boutique a se manter aberta na cidade. A chegada das tropas inimigas nas proximidades de Paris fez com que a capital ficasse deserta. Deauville, frequentada por famílias ricas, acabou atraindo as damas da sociedade.
Na época, era preciso buscar roupas mais confortáveis para facilitar as caminhadas já que não era um momento em que podia se contar com motoristas e mordomos. Ostentar vestidos de luxo também não era o que se desejava e a marca Chanel acabava atendendo a essas expectativas.
Em meio a 15 dias de licença de Boy Capel, ele e Coco conseguiram abrir uma nova loja em Biarritz, na costa do Atlântico, próxima a Espanha. Três anos depois da inauguração da primeira loja, em 1916 a estilista já estava no comando de trezentos funcionários.
As inovações não pararam. Coco adotou corte des cabelo na altura do queixo - na época, somente atrizes já tinham ousado cortar tão curto. Além de ser a primeira mulher da alta sociedade a esbanjar a pele bronzeada de sol, também adotou saias mais curtas, mostrando os tornozelos. Em 1919, Arthur Capel morreu vítima de um acidente de carro.
Na celebração de seus 40 anos, em 1923, Coco lançou o perfume Chanel Nº5 que viria se tornar o de maior notoriedade de sua grife. O químico Ernest Beaux usou oitenta substâncias para atingir o resultado final atendendo às exigências de Chanel. Foram oito amostras e a peferida foi a de número 5, o que explica o nome da fragrância.
Em 1926, a estilista lançou mais um ícone da moda: o vestido preto tradicional de crepe com mangas longas e justas.
Coco Chanel se inspirou ainda no tailleur que costumava usar para criar o blazer feminino com saia. As peças eram desfiladas pelas manequins com mix de colares de pérolas falsas e outras bijuterias barrocas.
Durante a Segunda Guerra Mundial - e até o ano de 1953 -, as boutiques estavam todas fechadas e só se vendiam os frascos de perfume Nº 5. Um episódio, inclusive, foi marcante para Coco. Durante entrevista em 1955, Marilyn Monroe foi questionada sobre o que vestia para dormir: "Apenas três gotas de Chanel Nº 5". As vendas do perfume dobraram por conta desse episódio.
O ateliê só foi reinaugurado quando Coco tinha 70 anos. A proprietária da marca trabalhou por mais 16 anos na loja, diariamente, até o dia 10 de janeiro de 1971, data em que morreu deixando a marca como legado.
Desde 1983, a Chanel tem Karl Lagerfeld como diretor criativo. Ele tem um acordo vitalício com a marca e afirma que sua fundadora reprovaria o trabalho desenvolvido em sua maison. "Ela teria odiado, não estaria de acordo comigo", disse Lagerfeld à imprensa na abertura da exposição Mademoiselle Privé, em Londres, no ano de 2015. "Ela detestava minissaias. Se você começa a ir contra a moda de uma época, tem um problema."