Campanhas de moda e beleza exibem diversidade em cada anúncio de TV. No "BBB 22", fenômeno de audiência no país, Natália Deodato encanta os telespectadores com sua beleza e seu posicionamento firme. O fato de ela ter vitiligo só reforça a tendência sobre a aceitação pessoal se espalhando mundo afora. As discussões sobre o tema evoluíram e, hoje, fotos cheias de photoshop, com corpos e rostos irreais, estão sendo abandonadas.
Quem defende e explica a tendência é o fotógrafo Marcello Sortino, diretor criativo de campanhas publicitárias de grandes marcas e que também tem vitiligo. "As marcas, agora, enxergam que precisam representar mais o real do que o ideal. A escolha por modelos tem sido mais natural", conta.
"As marcas têm buscado perfis mais variados e de acordo com a diversidade de perfis da mulher brasileira. Percebi a importância da representação de todos nas campanhas. Vitiligo, por exemplo, é uma doença autoimune mais normal do que parece", revela.
Marcello se sente representado por Natália. Por isso, ressalta a importância da presença da modelo e designer de unhas no programa de maior audiência da TV no momento. Mais do que isso: alerta que ajuda quem tem a doença a se aceitar mais facilmente.
"Há um tempo, eu estava em uma gravação e um fotógrafo que também tinha viu as minhas manchas, começamos a conversar naturalmente sobre isso. As pessoas se sentem representadas e ajuda na aceitação", comenta.
Como mais um exemplo, o fotógrafo cita Winnie Harlow, top model reconhecida por suas manchas brancas de vitiligo. "Antigamente, não havia essas representações. Hoje, a inclusão destas diferenças na mídia nos mostra que não há problema algum em ter algo diferente, o descolado é ser diferente", opina.
As marcas têm buscado consonância com a saúde mental do seu público. No Brasil, há cerca de 16 milhões de pessoas que sofrem de depressão, segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE. Em relação à ansiedade, somos líderes mundiais: o país ocupa o primeiro lugar do ranking da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil também é um dos líderes em cirurgias plásticas. A publicidade exerce grande influência sobre estes aspectos. Diversas discussões, muitas iniciadas nas redes sociais, contribuíram para a mudança de paradigmas na linguagem publicitária.
Sortino diz que aqueles grandes retoques que deixavam as mulheres sem qualquer celulite, estrias ou outras "imperfeições" já não são aprovadas pelas marcas:
"O tratamento dado às imagens tem seguido cada vez mais a linha da naturalidade, sem exageros na edição. Quando eu faço as edições, procuro deixar um aspecto mais natural possível, mexo apenas no necessário, como iluminação ou elementos que possam destoar da proposta do trabalho. Tiro apenas um hematoma, por exemplo, pois não seria a identidade da modelo, apenas uma marca passageira".