
O ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, comentou sobre o sucesso do filme brasileiro "Ainda Estou Aqui". O longa está indicado ao Oscar em três categorias: Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz e Melhor Filme.
Em entrevista ao repórter Daniel Carvalho, da Bloomberg, Bolsonaro - que recentemente comentou sobre a possibilidade de ser preso - foi questionado se já havia assistido ao filme e se torceria para Fernanda Torres, indicada em "Melhor Atriz" no Oscar. O ex-presidente desdenhou:
"Nem vou perder meu tempo, tenho o que fazer. Conheço a história melhor que eles."

O filme "Ainda Estou Aqui" é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e acompanha Eunice (Fernanda Torres), esposa de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado cassado após o golpe de 1964. Rubens é sequestrado pelo regime militar e nunca mais volta para casa, deixando a família em busca de respostas.
A ligação de Bolsonaro com a família Paiva remonta à sua adolescência. O político cresceu em Eldorado Paulista (SP), no Vale do Ribeira, onde a família de Rubens Paiva era proprietária da Fazenda Caraitá e tinha influência sobre a economia e a vida social da região.
Na biografia "Mito ou Verdade", escrita por seu filho Flávio Bolsonaro, o ex-presidente menciona que as diferenças de classe o incomodavam e que "parte considerável do território da cidade de Eldorado Paulista era de domínio particular, uma fazenda enorme chamada Caraitá". O ex-presidente também retratava os filhos de Rubens como jovens privilegiados que desfrutavam de luxos inacessíveis.

Durante seu mandato como deputado federal nos anos 1990, Bolsonaro foi ao plenário negar que Rubens Paiva tenha sido assassinado por militares. Segundo sua versão, o ex-deputado teria sido morto por guerrilheiros de esquerda.
A polêmica continuou quando Bolsonaro protagonizou um episódio polêmico na inauguração de um busto em homenagem a Rubens Paiva na Câmara dos Deputados. Na ocasião, o então parlamentar cuspiu na estátua e o chamou de “comunista” e "vagabundo".