O ator Milton Gonçalves morreu aos 88 anos em casa, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (30) em decorrência de consequências de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido em 2020, que o levou a ficar três meses no hospital. O artista acumulou ao longo da carreira mais de 40 trabalhos na televisão. O último papel de Milton foi na série "Filhas de Eva" (2021). Em fevereiro, complicações da mesma doença tiraram a vida de Arnaldo Jabor.
Milton chegou à Globo em 1965, ano de inauguração do canal, com quatro produções, incluindo "Rua da Matriz" e "A Moreninha". Uma década mais tarde deu vida ao padre Honório em "Roque Santeiro", versão que nunca foi ao ar, sendo proibida pela censura. O artista passou ainda pelo cinema e teatro.
Milton Gonçalves nasceu em 9 de dezembro de 1933 em Monte Santo de Minas e também foi produtor, dublador, diretor e cantor. Em 2006, foi indicado ao Emmy Internacional pelo Pai José do remake de "Sinhá Moça", papel que já havia interpretado em 1986 na primeira versão da novela.
O ator será velado no Theatro Municipal do Rio. Milton, que era viúvo, deixa três filhos e dois netos. Atualmente ele pode ser visto nas reprises de "A Favorita" e "Pão Pão Beijo Beijo".
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Foi após assistir a peça "A Mão do Macaco" que Milton, então um gráfico e alfaiate, optou por ingressar no teatro amador. Militante do movimento negro, décadas depois, em 1994, foi candidato ao governo do Rio. No último carnaval, recebeu uma homenagem da escola de samba Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
A chegada de Milton à TV foi em "O Vigilante Rodoviário" (1961) na TV Tupi. Já a Globo, em 1969, interpretou o Hasan de "A Cabana do Pai Tomás'. Um ano depois dirigiu e atuou na primeira versão de "Irmãos Coragem". Já em 1972 participou de "Vila Sésamo" e em 1973 de "O Bem-Amado!".
O ator esteve ainda nas primeiras versões de "Gabriela" (como o Filó), "Pecado Capital" - ambas em 1975 -, e "Escrava Isaura" (1976). Na década de 1980 foi o Tião de "Cambalacho" (1986) e o Damasceno de "Fera Radical" (1988).
Deu vida ao Batista de "Felicidade" (1991), ao Eusébio de "Agosto" (1993) e ao Jovildo de "Decadência" (1995). Milton também esteve no elenco de episódios do "Caso Verdade" e "Você Decide" além de várias outras produções e especiais, como "Chico e Amigos".
Na década de 2000 integrou o elenco do "Zorra Total" e participou de novelas como "Cobras & Lagartos" (2006). Entre outras novelas destaque para o Afonso de "Lado a Lado" (2012), o Cristóvão de "Pega Pega" (2017) e o Eliseu de "O Tempo Não Para" (2018). Em 2019 viveu o Orlando no especial "Juntos a Magia Acontece".
Além de mais de 30 peças no teatro como "Orfeu da Conceição" e ""Lima Barreto Ao Terceiro Dia" e cerca de 15 prêmios (como o do Festival de Gramado) esteve em quase 80 filmes.
Destaque para "Toda Donzela Tem um Pai que É uma Fera" (1966), "Macunaíma" (1969), "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" (1977), "Eles Não Usam Black-Tie" (1981) e "O Beijo da Mulher Aranha" (1985).
Atuou ainda em "O Que É Isso, Companheiro?" (1997), "Orfeu" (1999), "Carandiru" (2003) e "Assalto ao Banco Central" (2011).