A tireoide é uma glândula em forma de borboleta, localizada no pescoço, responsável pela produção de dois hormônios importantes para a função endócrina no organismo. Os dois principais se chama T4 e T3 (forma ativa) e a falta ou o excesso deles pode desencadear alterações que afetam o corpo todo.
Quando há falta dos dois no organismo, o quadro é conhecido como hipotireoidismo: a principal causa dele é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune, inflamatória e progressiva. E, de acordo com a nutricionista Tania Alves, a alimentação pode ajudar a regular a tireoide, bem como garantir nutrientes, fatores anti-inflamatórios e antioxidantes, além de garantir a integridade do intestino - órgão-chave na resposta imune.
"Para que os hormônios da tireoide sejam produzidos, micronutrientes como iodo, selênio e zinco são essenciais. Outras substâncias provenientes da ingestão de alimentos podem influenciar também no surgimento do hipotireoidismo, como o glúten, as isoflavonas e os flavonoides", ressalta a especialista.
De acordo com a nutricionista, quando os hormônios são produzidos de forma insuficiente, a pessoa pode ter falhas na memória, dificuldade na concentração, queda de cabelo, ganho de peso, desânimo, sonolência durante o dia, menstruação irregular, aumento da ansiedade e até depressão.
"A pele fica fria, seca e os reflexos mais vagarosos. Uma vez instalado, o hipotireoidismo é permanente. Entretanto, existem algumas formas da doença, principalmente as que se manifestam no pós-parto, que são transitórias, que também exige cuidados", alerta Tania.
A especialista aponta que os sinais e sintomas podem variar muito, dependendo da severidade da doença. Em alguns casos, nem sempre estão presentes ou podem ser consequência de outras doenças. Assim, para constatar a disfunção na tireoide, será preciso fazer exames específicos complementares ao quadro clínico.
"Os níveis de hormônios no sangue podem determinar se a glândula tireoide está ou não funcionando normalmente. Apesar de ainda não ter sido descoberta a razão, as doenças causadas pelo mau funcionamento da tireoide são mais comuns em mulheres. Além disso, os riscos podem aumentar de acordo com a idade", conclui.
Segundo a nutricionista, a alimentação pode ser um dos fatores de risco tanto para o surgimento quanto para o agravamento do hipotireoidismo. "Mesmo com a alimentação adequada, a reposição de hormônios tireoidianos será necessária. O tratamento é feito com a ingestão diária de um comprimido, em jejum. Para que o medicamento seja absorvido e convertido na forma ativa, T3, é necessário que o sistema digestivo esteja funcionando de maneira adequada", destaca a expert em nutrição.
"Ressalto aqui alguns pontos de atenção quando o assunto é uma alimentação voltada para melhorar a resposta ao tratamento de hipotireoidismo. Rica em nutrientes como: selênio, zinco, iodo, vitaminas do complexo B, vitamina A e magnésio", lista Tania.
Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados também é importante. "Doces, massas, embutidos e ricos em açúcar devem ser consumidos com moderação. Respeite intolerâncias, alergias e sensibilidades alimentares, bem como a quantidade adequada de calorias para evitar o ganho de peso excessivo", analisa.
Finalmente, a nutricionista pontua a importância de cada paciente procurar um atendimento individualizado às suas necessidades. "Atente-se ao fato de que na maioria dos casos uma estratégia individualizada montada por um profissional nutricionista será o ideal para compor o tratamento da doença", indica.