Cansada de ouvir críticas desfavoráveis à novela "Salve Jorge", a autora Glória Perez sente o peso de substituir um fenômeno nacional, como foi "Avenida Brasil". Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, publicada nesta quinta-feira (29) no jornal "Folha de S. Paulo", ela diz que não é possível comparar uma favela ao subúrbio.
"Uma bobagem. Comparar o Complexo do Alemão com o Divino é uma insanidade. Não se compara subúrbio com favela. Vida de subúrbio é cadeira na calçada, venda do vizinho. A carta chega à sua casa. Na favela, carteiro não sobe. É isso que retrato", declarou.
Rebatendo também as críticas à protagonista, Morena, a autora da trama diz que isso não passa de um formalismo. "É preconceito contra as meninas dessa origem. Elas vivem isso no cotidiano. Não são periguetes. Na favela, essa maneira de vestir não está atrelada a um comportamento como no asfalto. Elas tiveram acesso ao mercado, ao crédito. Agora, estão podendo comprar e construir seu próprio estilo", disse a novela ao jornal.
Ela também elogiou a performance da atriz Nanda Costa, que mudou muito seu estilo para atuar em seu primeiro papel principal em uma novela: "Nanda é uma atriz intensa, cheia de nuances. É a Morena que imaginei. A garota do subúrbio é palatável, está sempre nas novelas. A da favela, não. Morena é exatamente uma menina do Alemão. Isso assusta. Brasileiro é preconceituoso. Compreendo as reações. O espelho incomoda", finalizou.
"Salve Jorge" estreou no dia 22 de outubro de 2012, no horário das nove da noite, substituindo a trama de Carminha, vivida por Adriana Esteves, que recebeu o prêmio de melhor atriz no Prêmio Extra de Televisão recentemente.