Juliana Paiva e Fiuk por pouco não formaram um par romântico na próxima novela das sete, "Além do Horizonte". O ator e cantor era a primeira opção da direção para dar vida ao personagem William, protagonista da trama, mas, nos testes, ele foi cortado. Segundo o diretor Ricardo Waddington, houve uma adequação na escalação e Thiago Rodrigues ficou em seu lugar.
"O Fiuk participou dos workshops por uma semana e, depois, fez um teste. Eu tinha uma ideia do personagem, mas não possuía certeza se ele podia fazer ou não. Não por incapacidade, mas por perfil. E foi isso: teve um ótimo desempenho no teste, mas não tinha a ver com o personagem", contou Waddington, na coletiva de imprensa para apresentar "Além do Horizonte".
Na história, William é um jovem de origem humilde, nada gentil e irônico. Apesar de ser estudioso, o personagem ainda não conseguiu completar a faculdade de História e ganha a vida fazendo trabalhos e monografias para alunos preguiçosos. Com a reprovação, Fiuk não só perdeu o posto de protagonista como também ficou fora da história.
"Ele até poderia fazer outro papel, mas eu tinha pensado nele para protagonista. Para outros personagens, pensei outras pessoas", explicou o diretor, completando que o filho de Fábio Jr. entendeu a situação. "Ele tem maturidade para isso. Colocar um bom ator num personagem que não tem a ver com ele é um grande passo para derrubá-lo. Nossa intenção é sempre que o ator se dê bem e brilhe".
Testes x Ego
A aplicação de testes em atores já conhecidos é uma prática defendida por Waddington. "Acho isso muito natural e, no exterior, é uma prática muito comum. Uma novela é muito cara. Você tem que minimizar riscos. O risco maior tem que ser a história que você vai contar, não as escolhas de elenco", defendeu.
"Em 'Joia Rara', por exemplo, todo o elenco fez teste para adequação ao personagem. Mariana Ximenes, Letícia Spiller, todo mundo. Nunca julgando se o ator é bom ou ruim. Você julga se sua escolha de ator para aquele personagem é correta ou não".
Colocar atores conhecidos em situação de teste mexe com o ego dos artistas, mas, para o diretor, isso é algo facilmente contornado. "Vaidade faz parte do ser humano. Trabalhar esses temperamentos faz parte de quem lidera um grupo. Tenho que lidar com isso como lido com qualquer coisa, como uma dor de cabeça, briga com marido, carro que quebrou".
'Laços de Família'
Como para toda regra existe uma exceção, há casos de pessoas que foram reprovadas e, mesmo assim, brilharam. Giovanna Antonelli é um exemplo. Em 2000, Giovanna Antonelli tinha acabado de sair de "Malhação", em que interpretava Isa, a filha do professor Pasqualete (Nuno Leal Maia), quando fez testes para viver a prostituta Capitu, em "Laços de Família", novela de Manoel Carlos.
"Fiz vários testes com ela. A Giovanna teve até que ficar nua porque era uma exigência para o papel. Mas ela foi reprovada e ficou com o papel da Simone, a amiga da Capitu. A aprovada para viver a personagem principal do núcleo foi a Vanessa Mesquita", relembrou Waddington. "Estava tudo certo, até o Maneco confirmou".
A estrela de Giovanna, no entanto, brilhou. "Na leitura dos textos, percebi que tinha errado. Chamei as duas atrizes e assumi meu erro. Disse que a Giovanna tinha que fazer a Capitu e, a Vanessa, a amiga. Depois disso, ela explodiu e virou uma estrela", disse Waddington. Em seguida, a atriz protagonizou "O Clone" (2001), como Jade, e o resto da história todo mundo sabe.
Destino
Vanessa Mesquita ainda fez na Globo "O Quinto dos Infernos" (2002) e "Cobras & Lagartos" (2006). Depois foi contratada pela Record e está afastada da TV desde "Máscaras" (2012). "Penso na responsabilidade que tenho na vida de um monte de gente. Faz parte do meu trabalho, assim como um médico acorda de manhã e tem noção de que vai operar e lidar com a vida de dez pessoas", avaliou o diretor.
"A vida dos atores não está nas minhas mãos, mas posso dar uma grande mão para que a vida delas seja melhor ou pior. A escolha foi minha, mas em 'Laços de Família', por exemplo, o que contou mesmo foi o talento e o carisma da Giovanna. A Capitu foi um sucesso por causa dela".
(Por Anderson Dezan)