Familiares e amigos de Hugo Carvana comparecem neste domingo (05) no velório do ator e diretor, que acontece no Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janerio. Próximo ao caixão, estão objetos pessoais do artista, como uma faixa do Fluminense, seu time do coração, a placa usada no filme "O Homem Nu" (1997) e a garrafa de cachaça que aparece no filme "Bar Esperança" (1983).
Em conversa com a imprensa no local, a jornalista Martha Alencar, casada com Hugo Carvana havia 46 anos, relembrou alguns momentos ao lado do marido. "Ele bebeu demais, riu demais e amou a vida. Tinha um humor cortante, devastador, mas nunca rompeu com os limites do respeito. Estou meio desarticulada, é meu primeiro dia sem ele. É difícil... Ele era um brasileiro de verdade, preocupado com o destino do país", disse ela.
Martha citou também o difícil período da Ditadura Militar, quando ela precisou sair do Brasil. "Ele era um companheiro de vida, de trabalho e de luta. Sempre esteve ao meu lado... Quando tive de sair do país porque eu era militante, ele foi comigo", contou, emocionada.
De acordo com a jornalista, o câncer no pulmão que Hugo Carvana havia voltado a sofrer há seis meses foi intencionalmente escondido da mídia. Em decorrência da doença, ele foi internado no Rio no último dia 28 de setembro com forte insuficiência respiratória e infecção e veio a morrer neste sábado (04) à tarde, aos 77 anos.
"O que o estava mantendo vivo era o trabalho. Até tentamos não divulgar muito o câncer porque estávamos participando de vários editais. Ele queria voltar a dirigir logo. Tinha (Mal de) Parkinson, mas ele voltava por cima. Dirigiu dois filmes sem conseguir andar, mas o clima no estúdio era maravilhoso. Ele sempre deu a volta por cima".
Rita Carvana, uma das filhas do ator e diretor, lamentou o falecimento do pai. "A gente se prepara para um filme, mas nunca para isso. Mas ele lutou muito... Tinha muita garra e acreditava na sua recuperação". Maria Clara Carvana, outra filha, disse ficar com as lembranças boas. "Foram 77 anos de uma vida bem vivida e intensa. É uma dor sem palavras, mas fica a alegria da vida que levou. Levamos de lição o cinema, a boemia e a alegria".
O corpo de Hugo Carvana será cremado na segunda-feira (6), em cerimônia fechada para a família no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária. O artista estava afastado da TV desde a minissérie "Brado Retumbante" (2012), quando interpretou o personagem Jorge Mourão. No cinema, seu último trabalho foi o filme "A Casa da Mãe Joana 2", que ele dirigiu.