A poucos dias da estreia da próxima novela das nove da Globo, no dia 31 deste mês, "A Regra do Jogo" já agita o público nas redes sociais com as primeiras chamadas para a apresentação do elenco e gera expectativa com a música de abertura remetendo a um tango como em "A Favorita". Não menos para o autor da trama, João Emanuel Carneiro, e para a diretora de núcleo Amora Mautner. Com a "missão" de retomar os 30 pontos no Ibope – perdidos com a atual novela "Babilônia", que tem sido ultrapassada pela trama das sete, para desgosto de Gilberto Braga -, a dupla se afina ainda mais e promete cenas eletrizantes, com mais verdade e naturalidade. Para isso, Amora se inspirou em reality shows da emissora e inova com o desejo de satisfazer o público mais crítico.
"Assisti a várias edições do 'BBB' e conversei muito com o Boninho (diretor de núcleo do programa). Acho que os realities tornaram o público mais crítico com o que soa falso. Aquilo é dramaturgia com verdade. Agora, a dramaturgia é que tem que se adiantar. Na Globo, faltam atores e diretores que não sejam viciados em cenas em cenas declamadas e marcadas. Quero desmontar isso e captar também o erro, voltar a um ponto de naturalidade que se perdeu", explica a diretora em entrevista ao jornal "O Globo".
A emissora investiu pesado em equipamentos para colocar a ideia da diretora em prática. Serão usadas oito câmeras em cena, sendo duas robôs, espalhadas pelo cenário. Algumas são acomodadas de forma que os atores não saibam onde estão. Na prática, Amora pretende usar cacos e recursos de improviso captados durante os ensaios. "É uma estrutura que capta a energia do momento", explica à publicação.
Clima da família Tufão está de volta com o núcleo de Feliciano (Marcos Caruso)
Para os fãs saudosos da família Tufão, liderada por Murilo Benício na novela de grande sucesso "Avenida Brasil", escrita pelo mesmo autor, João Emanuel Carneiro promete um revival através do núcleo do playboy Feliciano Stewart, papel de Marcos Caruso, que viveu o Leleco na trama anterior, em 2012. "É o DNA da família Tufão", afirma o escritor.
Amora e João Emanuel mantêm contato diário por telefone e, segundo a publicação, se tratam como "gênio" e "gênia". Confiantes na parceria, a missão para alavancar a audiência no horário não é algo que tira o sono da dupla. "Há uma expectativa diferente desta vez, de voltar para a casa dos 30 pontos", limita-se a comentar João Emanuel. "A Amora e eu falamos a mesma língua. Confio muito nela", frisa o autor. Sobre a ansiedade para a estreia, Amora admite: "Estou entre o nervosismo extremo e o maravilhamento".
Palavrões são proibidos em cena e sequências de sexo não terão nudez: 'Elegantes'
Segundo o autor, "A Regra do Jogo" é a história de um mau-caráter, o Romero, papel de Alexandre Nero, que "se apaixona pela ideia de ser santo". "Teremos um núcleo na favela, mas uma favela mítica, um Vidigal melhorado, a meca dos turistas do mundo. Não é um lugar longe de tudo, como o Divino ("Avenida Brasil"). Os personagens são complexos, multifacetados", resume o novelista, destacando em seguida a questão central: "O limite da ética. Até que ponto se pode perdoar alguém. Tem a ver com o nosso momento político, com a tolerância e a cordialidade brasileira".
Se o público se assustou com a cena de beijo gay entre Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro logo no primeiro capítulo de "Babilônia", o mesmo impacto não sofrerá na nova novela das nove. Amora Mautner avisa que o público não verá palavrão pronunciado e nem será surpreendido com cenas mais ousadas: "É uma novela adulta, que não subestimará a inteligência do espectador. As cenas de sexo serão elegantes e discretas, sem nudez. Até 'merda' está proibido. Isso não é transgressão há tempos. É só feio".
Alexandre Nero estreou na TV em novela do autor e declara sobre vilão: 'Se acha'
Sucesso como o Comendador da novela "Império", Alexandre Nero volta à televisão com mais um personagem forte. Na trama de João Emanuel, que o lançou na televisão como o verdureiro Vanderley em "A Favorita", o ator destaca as diferenças de um personagem para o atual.
"O Romero é mau, mas não é um psicopata. Ele acumula raivas represadas de acontecimentos do seu passado. Foi abandonado pela mãe e sofreu abuso na infância, embora isso não será dito claramente. É um cara problemático", explica, destacando suas principais características: "Um grande mentiroso, mau, mas que se passa por bom. O Comendador era distante da minha realidade, um cara mais velho. O Romero é jovial, meio infantil, gosta de ostentar, ele se acha".