
Principal suspeito do assassinato de Vitória Regina, morta com três facadas no mês passado, Maicol Sales dos Santos afirma que “inventou uma história” em seu depoimento de confissão. Em um áudio divulgado pela Record TV, o operador de empilhadeira acusa o delegado de coação.
O registro, que mostra uma conversa de Maicol com um de seus advogados, foi feito momentos antes de ele ser transferido de Cajamar para um presídio em Guarulhos.
“Quando foi por volta de dez horas, eles me chamaram lá em cima, na sala. E falaram que iam me foder de qualquer jeito. Aí pegou e falou que ia colocar a minha mãe na cena do crime, falou que ia colocar a minha esposa. Ia colocar a minha família toda se eu não ajudasse, não cooperasse. Aí eu peguei e inventei uma história. Falei que fui eu, falei pra eles me livrar [sic], pra livrar a minha família”, diz Maicol.

O suspeito ainda acusa o delegado de deixá-lo em um local sujo como forma de coação. “Se vocês puxarem pela câmera que tem ali fora, eles foram lá e me chamaram. Eu falei que não iria com eles. Aí o policial falou comigo: ‘já que você não vai cooperar comigo, então, você vai ficar no banheiro’. Me colocaram dentro do banheiro sujo, podre”, afirma.
Maicol é perguntado pelo advogado sobre quem seria o delegado responsável pelas supostas ameaças. Ele se limita a dizer que “foi o delegado daqui”. “Não sei o nome dele”, completou.
Ouça:

Nesta segunda-feira (24), a Polícia Civil de São Paulo anunciou que haverá uma reconstituição do crime. O procedimento já foi solicitado ao Instituto Médico Legal (IML).
Segundo informações do G1, a Polícia fez o pedido com o objetivo de "esclarecer todas as circunstâncias em que o crime ocorreu". O pedido de reconstituição acontece uma semana depois de o delegado de Cajamar, onde ocorreu o crime, descartar a possibilidade.

Em coletiva de imprensa na semana passada, a Polícia Civil chegou a dizer que o caso estava esclarecido e, praticamente, encerrado. No entanto, os investigadores avaliam que é prudente remontar o quebra-cabeça para esclarecer algumas dúvidas.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) nega a relação do pedido de reconstituição com as acusações de que Maicol teria sido coagido a confessar o crime.