Edson Celulari retornou às novelas como o empresário Nero de "Fuzuê", nova trama das sete. O ator de 65 anos estava longe da teledramaturgia há mais de quatro anos e meio. Nesse período, Edson aumentou a família, se tornando pai pela terceira vez - Chiara, também filha de Karin Roepke completou 1 ano durante o carnaval.
Mas você sabia que após estrelar a novela "Que Rei Sou Eu?" (1989), o ator trocou a Globo pelo SBT e foi o protagonista de um dos maiores fracassos da história da dramaturgia da rede paulista e também da telenovela brasileira? É! Edson Celulari interpretou o pobretão Totó em "Brasileiras e Brasileiros", exibida entre novembro de 1990 a maio do ano seguinte em 151 capítulos.
O título, segundo o SBT, não fazia referência à maneira como o ex-presidente José Sarney se dirigia à população. Escrita por Carlos Alberto Soffredini, "Brasileiras e Brasileiros" acumulou problemas e mais problemas nos bastidores e quase 35 anos após sua estreia jamais foi reprisada. Veja a seguir curiosidades resgatadas do baú pelo Purepeople!
À época do lançamento de "Brasileiras...", uma nova aposta do SBT no campo das novelas, Edson definiu seu mocinho, um homem que vivia de bicos como "uma espécie de D. Quixote ou Brancaleone, líder de um grupo de despossuídos".
Totó encontrava em um grupo de mulheres seu ganha-pão. Calma! O protagonista passava a empresariar, se podemos dizer assim, as garotas que formaram o grupo "Duras na Queda". Como o nome indica, eram "atletas" da luta livre.
No meio de tudo isso, conflitos entre pobres e ricos e uma vizinhança conservadora que não suportava as lutadoras. Para misturar ainda mais, um homem pelado corria pelos bairros para desespero das tradicionalistas. O elenco reuniu entre outros Isadora Ribeiro, Aretha Oliveira (a Pata da primeira versão de "Chiquititas"), Alexandra Marzo e Consuelo Leandro (1932-1999).
Nos primeiros dois capítulos, a novela do SBT somou respeitáveis 18 pontos de audiência em São Paulo, porém o número caiu para 8 ainda na primeira semana. A tragédia em termos de Ibope estava só no começo, embora Walter Avancini (1935-2001), diretor da trama, apostasse que a história iria se manter na casa dos 10. Ao terminar, "Brasileiras..." ficou com míseros 5 de média na principal praça de medição.
Para tentar reverter o quadro pífio, o SBT fez de tudo. O autor foi afastado, embora a alegação oficial foi de férias a Soffedini. No final de dezembro, portanto com menos de dois meses no ar, a emissora decidiu transferir "Brasileiras..." das 18h para às 20h e compactar os primeiros capítulos por alguns dias no novo horário.
Além disso, Lucélia Santos e Rubens de Falco (1931-2008) entraram na novela para "dar um gás". E não parou por aí. A trama baseada em personagens moradores da periferia deu lugar à elite empresarial. Mas teve um lado bom. Em 10 de dezembro de 1990, a "Folha de S.Paulo" publicava que a trama chegaria ao fim de fevereiro após uma previsão inicial de seis meses no ar.
"Brasileiras..." acabou provocando um rombo nos cofres do SBT. A emissora rifou jornais locais em algumas capitais e cidades e dispensou colaboradores. E a extinção de alguns programas chegou a ser levantada pela direção da rede paulista. Mas pelo menos três novelas foram engavetadas e jamais produzidas.
O núcleo de teledramaturgia foi cancelado temporariamente - isso porque em agosto de 1991 foi lançada a série "Grande Pai". Em relação à novelas, só em maio de 1994 com "Éramos Seis" é que o SBT retornou ao campo.