Artista que morreu nesta quinta-feira (26) aos 80 anos após seis dias de internação em decorrência de um câncer de próstata, diagnosticado em 2019, Ney Latorraca definiu o destino de sua herança há 28 anos, bem antes de começar a enfrentar problemas mais sérios de saúde a partir de 2012, quando ficou cerca de 50 dias internado.
O patrimônio do eterno Barbosa do programa "TV Pirata" (1988-1990) começou a ser construído de uma maneira curiosa, conforme o próprio artista revelou no "Que História é Essa, Porchat?" (GNT/Globo).
"Quando cheguei para trabalhar no Rio (era natural de Santos, SP), ganhava muito pouco no teatro e na televisão. O que dava (dinheiro) era um contrato de 100 bailes de debutantes em 100 cidades. O que é uma loucura", iniciou Ney, que deixa viúvo o diretor Edi Botelho, responsável por seus cuidados na fase final da vida.
Com o dinheiro recebido, o ator decidiu comprar um apartamento. "Só que não esperava o que ia passar... (risos). Gravava de segunda a sexta, viajava no sábado para fazer o baile e tinha que dançar com as 100 debutantes, fazer fotos com as 100... Aí comecei a fazer uma coisa...", passou a revelar sua tática da época.
"Por volta da (debutante de número) 50 dizia: 'estou muito triste, não estou bem hoje'. Pegava o microfone e cantava 'Ronda'. Isso é uma técnica. Pessoal ficava triste também", disparou revelando outro detalhe do sufoco que passava nos bailes. "Em Brasilândia (bairro da capital paulista), em 150, falei 'vou fazer uma coisa'. Sabe o que fiz? Desmaiei", afirmou.
"Caí, mas com dinheiro aqui (no bolso). (Os contratantes) não pegavam o dinheiro de volta", continuou Ney, que também admitiu arrependimento outra vez por trocar a Globo pelo SBT em 1990. "Eu tinha que pagar o negócio (o apartamento)", completou, acrescentando o motivo de ter deixado os bailes de lado.
"Os pais mandavam as fotos e eu estava com muito cabelo, bem novinho. Quando chegava (nas festas) perguntavam: 'Você é o pai do Ney?'", recordou