Em 1998, quando o usuário passou a escolher por qual operadora gostaria de fazer ligações de Discagem Direta à Distância, a Embratel travou uma verdadeira luta com as demais empresas. Para isso, utilizou-se de uma técnica infalível: a propaganda. Melhor que isso, ela colocou três crianças vestidas com macacões coloridos e cantando um jingle que não saía da cabeça.
Felipe Rimério, João Francisco Botelho e Vlademir Alves, de 23 anos, eram os meninos que apareciam cantando e dançando no comercial. Aos oito anos de idade, muita gente acreditava que eles eram trigêmeos. Mas hoje, 15 anos depois, os três não se parecem nem um pouco, mas ainda guardam com saudades a época de "gordinhos do DDD". O Purepeople os encontrou e conta para vocês como eles estão.
Para fazer o comercial, Felipe, João Francisco e Vlademir concorreram com milhares de crianças e passaram por duas etapas de testes até serem selecionados. Antes da fama da propaganda, eles faziam trabalhos distintos. Felipe era modelo de moda infantil em São Paulo; João Francisco já havia feito mais de 50 comerciais; e Vlademir participava de shows de música sertaneja. Mas nada comparado ao sucesso estrondoso do comercial da Embratel, idealizado pela agência W/Brasil, de Washington Oliveto.
"Teve uma vez que eu estava com a camiseta da empresa com a nossa foto. Tive que tirá-la e dar para uma menina que adorava a propaganda. Fui embora do restaurante sem camisa", relembra João Francisco, em entrevista ao Purepeople.
Para Felipe, o sucesso do comercial ainda tem reflexos. "Diria que até hoje sou conhecido. Meu apelido sempre foi e continua sendo DDD. O reconhecimento agora ocorre muito mais pelo 'boca a boca', onde uma pessoa conta pela outra, já que mudei bastante fisicamente", conta ele.
Depois do sucesso
Após o fim do contrato com a Embratel, que durou dois anos, eles ainda seguiram na carreira artística por algum tempo. "Fiz alguns comerciais e, aos 14 anos, apresentei um programa de rádio em Mogi das Cruzes, onde eu morava", relembra Vlademir. "Estrelei mais três propagandas e fiz uma peça de teatro", conta João Francisco.
Mas a carreira não durou muito. Aos poucos, cada um deles foi largando a vida artística para seguir seus sonhos. "Não queria mais fazer comerciais porque queria trabalhar com animais", conta João, que está no quarto ano de Medicina Veterinária na Universidade de São Paulo (USP).
"Eu precisava decidir entre estudar e continuar na minha cidade ou trabalhar e mudar para uma cidade grande. Na época, eu e meus pais decidimos que o mais adequado seria continuar estudando", conta Felipe Rimério, que já se formou em Engenharia Mecatrônica pela USP e agora faz pós-graduação.
Vlademir afirma que nunca encarou os comerciais como carreira, mas os trabalhos foram parando aos poucos. "Fui sendo menos chamado pela agência para fazer testes, segundo eles, devido à idade (não tinha aparência de criança e nem de adolescente 'Malhação'). Ao mesmo tempo, fui seguindo novos caminhos", conta ele, que cursa Engenharia Mecânica também na USP. Vlademir, no entanto, está há oito meses na Austrália pelo programa "Ciências Sem Fronteiras", do Governo Federal.
Aproximação através da internet
Os três, que são solteiros e não têm filhos, não se veem pessoalmente há algum tempo, mas mantêm contato uns com os outros através das redes sociais. Felipe e Vlademir relembram, com saudade, os tempos da propaganda. "Somos amigos no Facebook e às vezes brincamos com a situação de termos sidos os DDDs, porém, não temos contato frequente", conta Rimério.
João Francisco diz que alguns amigos de Felipe o reconheceram na faculdade. "Eles vieram falar comigo e disseram que conheciam outro 'D'. Depois de muito tempo, voltei a falar com ele, mas demorei pra reconhecê-lo. Ele mudou muito", conta João.
'Revival'
Quinze anos depois, eles se dividem na opinião sobre se aceitariam fazer um remake do comercial. "Acho que perdi o jeito, não me vejo muito como ator", afirma João Francisco. Já Vlademir fica na dúvida sobre o assunto: "Eu deixaria para pensar se acontecesse a proposta". Já Felipe não pensaria duas vezes. "Acredito que seria uma ótima experiência e uma boa opção para reunir os três e se divertir. Sem dúvidas, toparia realizar a propaganda".
(Por Laís Fernandes)