Na semana do Dia Internacional da Mulher, o empoderamento feminino precisa ser compreendido e, para comemorar a data, Ana Maria Braga indica 10 livros que toda mulher precisa ler. A apresentadora, que revelou já ter sofrido assédio no meio profissional, incentiva a busca por um tempo dedicado à vida pessoal e comenta as ocupações das mulheres além do trabalho: "Quando a mulher é bem-sucedida, acaba acumulando outras funções, como a de mãe, e às vezes não tem um momento para ela. Então ainda precisa haver mudanças para que seja uma coisa igualitária". A lista extensa é composta por diferentes enredos com autores nacionais e internacionais, mas com um único ponto em comum: todos os livros tiveram grande impacto na literatura.
O livro de Gabriel Garcia Marques é considerado um dos mais importantes da América Latina e se destaca por ser uma história fictícia que anda em paralelo com a realidade. O enredo se passa em uma aldeia chamada Macondo e tem os fatos narrados de uma forma impressionante ao mostrar a solidão como sentimento comum de todos os personagens. Diante do caos da aldeia, o que mais chama atenção é a prisão de mulheres em locais escuros, privando-as de ganhar confiança. Lançado em uma época politicamente conturbada no continente, o enredo contribuiu para os leitores criarem uma liberdade imemorial.
Inspiração para o programa "Big Brother Brasil", o livro escrito por George Orwell relata um governo totalitário comandado pelo Grande Irmão, que vê e sabe de tudo. O Estado domina completamente a sociedade, obrigando os indivíduos a falsificar registros históricos, repreendendo a oposição e disfarçando a opressão como democracia. Publicado há quase 70 anos, o livro é considerado um clássico moderno ao abordar questões atemporais e submissão, além de ter sido escrito em um momento caótico da história ao inspirar-se nos governos europeus das décadas de 30 e 40.
O clássico brasileiro de Ariano Suassuna é um roteiro de peça inspirado na cultura popular do nordeste e aborda aspectos religiosos, relatando o drama da seca com humor. Trazendo uma crítica à opressão feita pelos poderosos coronéis no sertão, o personagem principal usa a inteligência para sobreviver e ironiza a relação com a pobreza. Com aspecto moral, as críticas são feitas com piadas, convertendo o drama em comédia e apresentando a religião de forma regional ao focar no contexto nordestino.
O romance escrito por Milan Kundera mistura história com filosofia ao apresentar pensamentos de filósofos como Nietzsche, Sartre e Parmênides. Vivenciado na Tchecoslováquia em 1968, a invasão da Rússia acaba interferindo nos relacionamentos conturbados dos protagonistas, inserindo a intimidade e observações riquíssimas deles. Desenvolvendo o tema erótico e a liberdade em uma época política e historicamente opressiva, o livro traz reflexões intensas sobre as consequências das escolhas e atitudes dos personagens. Assim como Camila Morgado falou sobre a liberdade do corpo, a personagem Sabina também trabalha o assunto com sua personalidade forte e emponderada.
A obra de Fernando Pessoa é um livro fragmentário, ou seja, não existe uma ordem e organização que deve ser seguida durante a leitura, podendo abrir e começar a ler a partir de qualquer página. Descrevendo uma vida monótona e solitária, o enredo ganha vida ao mostrar um mundo longe da visão influenciada pelo ego pessoal do personagem e que permite Bernardo Soares ser qualquer coisa. Cheio de paradoxos, o narrador sustenta uma liberdade que pode ser vivenciada pelo leitor ao permitir uma aproximação com todos os seres humanos.
Escrito por Anne Frank, o livro é um diário real sobre uma adolescente judia que, junto com sua família, foge do governo Nazista e seu comandante Adolf Hitler na Alemanha. A aflição dos personagens começa com a perseguição que os obrigam a viver em um abrigo claustrofóbico localizado no anexo de um prédio. O livro transparece uma triste realidade ao contar as dificuldades, sofrimentos e medo vivido pelos perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial. Relatado por uma adolescente que batalhou e lutou por sua vida assim como Preta Gil, a sinceridade encontrada da narrativa choca ao mostrar a crueldade do ser humano.
Lançado em 1847 por Emily Brönte, o romance mostra como o amor pode ser violento e a vingança, ultrapassar todos os limites. Uma história de interesse, ganância e ódio mostra o amor de uma menina com o seu irmão adotivo, mas separados pelas idas e vindas de um sentimento amargo e pela conveniência de uma vida mais oportuna. Trazendo um lado obscuro da paixão, Heathcliff, o personagem principal da trama, volta a encontrar seus irmãos adotivos e decide se vingar de todos que considera responsáveis pela separação de seu verdadeiro amor. O livro mostra que o amor ultrapassa a vida e continua depois da morte.
Malba Tahan, heterônimo do professor Julio César de Mello e Souza, teve um trabalho difícil ao criar uma narrativa que traz a matemática como solução para tudo junto com um romance bem arquitetado. O personagem principal, Beremiz Samir, apresenta o tema de maneira divertida e mostra como pode ser inserido no cotidiano das pessoas, resolvendo e criando problemas com uma facilidade que permite o leitor a enxergar a álgebra como algo menos complexo do que de costume. Baseado nos costumes e tradições árabes, o autor faz uma ligação entre a ciência e a vida, sendo usado como livro paradidático para o público infantojuvenil.
Escrito por Robert L. Wolke, o livro insere a ciência na cozinha com humor ao responder perguntas que desmitificam certos costumes e mitos da área. Assim como "O Livro do Desassossego", esse também pode ser lido sem precisar seguir uma ordem ou organização e ainda tem receitas que exemplificam os princípios científicos. Com a intenção de auxiliar os cozinheiros a optar por soluções mais inteligentes, o livro é fácil de ser compreendido mesmo ensinando certos aspectos físicos e químicos.
O livro de João Ubaldo Ribeiro faz parte da série "Plenos Pecados" e tem a luxúria como tema principal. Antes de escrever a narrativa, o escritor recebeu várias fitas de uma desconhecida, relatando sua própria vida e associando-a ao pecado. A mulher de 68 anos, personagem principal da trama, narra como desfrutou de sua existência sem se sentir culpada por todo o prazer sentido, podendo chocar ao usar a ironia e deixando o livro mais instigante. O mergulho na vida da personagem exibe um retrato sociológico e intrigando o leitor com suas experiências.
(Com apuração de Patrick Monteiro e texto por Fernanda Casagrande)